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Imagem Press Hurtigruten Group |
Quão "patinho feio" volvido "cisne branco", estreará brevemente na Região Autónoma da Madeira o navio de cruzeiros de luxo Spitsbergen, da popular mais-que-centenária Hurtigruten, navio que os portugueses melhor reconhecerão pelo seu infame trajeto enquanto ferry Atlântida.
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Imagem Press Hurtigruten Group |
Com escala inaugural agendada para o próximo dia 23, o Spitsbergen visitará a ilha do Porto Santo primeiro e posteriormente o porto do Funchal, com escala de oito horas agendada para a Vila Baleira, e de 20 horas para a capital madeirense, chegando ao final da tarde do mesmo dia e incluindo pernoita, com partida ao final da tarde de 24.
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Projeto do navio enquanto Atlântida, na altura destinado à Atlanticoline para serviço nos Açores |
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Projeto inicial do navio enquanto Spitsbergen, imaginado pouco depois da sua aquisição |
O Spitsbergen foi construído em 2009 como Atlântida nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, e viu a construção arrastar-se, após várias alterações de projeto, acabando por nunca entrar ao serviço da Atlanticoline, que o tinha projetado para operação ferry inter-ilhas na Região Autónoma dos Açores. Após vários anos em lay-up, e após falência dos estaleiros ENVC, o navio foi colocado em leilão, tendo acabado por ser arrematado pelo empresário português Mário Ferreira, que o pretendia colocar em operação na Amazónia. Entretanto, o navio suscitou o interesse da afamada Hurtigruten, que o viria a adquirir pouco depois e renovar extensivamente, transformando um navio pouco antes rejeitado e inacabado, num autêntico navio de cruzeiros de luxo ao mais alto nível, sendo que a própria considera o Spitsbergen como um dos melhores navios da sua frota.
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Spitsbergen em cruzeiro pelo Ártico. Imagem Hege Abrahamsen/Press Hurtigruten Group |
Atualmente arrasta 7 344 toneladas de arqueação bruta, números que já incluem toda a renovação profunda a que foi submetido pela Hurtigruten em 2016, tendo ainda sido feitos alguns ajustes decorativos e de manutenção em 2020. Mede 101 metros de comprimento por 18 de largura e possui capacidade para 220 passageiros. Entre os destaques das alterações que a Hurtigruten lhe fez, está a renovação das suas áreas públicas interiores, a reformulação de cabines, a remoção da rampa ferry à popa e replaneamento da área envolvente, a adição de uma cauda de pato para adicionar estabilidade em navegação, e para deleite dos passageiros, a adição de uma área de observação à proa, que reforçou também a estrutura daquele importante ponto do navio, ao mesmo tempo que disponibilizou uma área para observação em praticamente 360 graus. A Hurtigruten fez realidade assim, a sua fabulosa visão de transformação praticamente total de um navio que até então ainda não tinha feito cumprir o propósito ao qual tinha sido construído - navegar comercialmente.
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Imagem Press Hurtigruten Group |
Em reajuste de oferta consoante a demanda que vem sendo crescente em tempos já pós-pandémicos, a Hurtigruten reformulou o posicionamento da sua frota, retirando o Spitsbergen das suas tradicionais rotas costeiras na Noruega para uma sub-divisão Hurtigruten Expeditions, que engloba os navios de cruzeiro que realizam expedições de luxo internacionais, separando-os no papel dos navios no serviço costeiro expresso, que podem também realizar cruzeiros se assim o grupo entender. No caso do Spitsbergen, o navio ficará agora posicionado nas ilhas da Macaronésia, com foco especial em Cabo Verde com partidas de Dakar, Senegal. A sua estreia na Madeira ocorre no âmbito de um segmento de um cruzeiro reposicional, de Lisboa para o Dakar - sendo Lisboa também ponto intermédio de outro segmento reposicional, que já partiu do Norte da Europa. No entanto, o Spitsbergen estará de regresso à nossa Região no início de 2024, com escalas regulares entre Janeiro e Março, em circuito de cruzeiros de 10 dias pelas Canárias e Madeira (incluindo o Porto Santo). Construída sob 130 anos de pioneirismo e herança marítima norueguesa, a Hurtigruten é considerada a maior companhia de cruzeiros de expedição do mundo, tendo já visitado a região por diversas vezes com navios como o Nordnorge, o Fram ou mais recentemente, o Midnatsol (atual Maud).
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