9.10.23

Infame ex-ferry Atlântida volvido navio de cruzeiros de luxo estreia na Madeira no próximo dia 23

Imagem Press Hurtigruten Group

Quão "patinho feio" volvido "cisne branco", estreará brevemente na Região Autónoma da Madeira o navio de cruzeiros de luxo Spitsbergen, da popular mais-que-centenária Hurtigruten, navio que os portugueses melhor reconhecerão pelo seu infame trajeto enquanto ferry Atlântida.

Imagem Press Hurtigruten Group

Com escala inaugural agendada para o próximo dia 23, o Spitsbergen visitará a ilha do Porto Santo primeiro e posteriormente o porto do Funchal, com escala de oito horas agendada para a Vila Baleira, e de 20 horas para a capital madeirense, chegando ao final da tarde do mesmo dia e incluindo pernoita, com partida ao final da tarde de 24.

Projeto do navio enquanto Atlântida, na altura destinado à Atlanticoline para serviço nos Açores

Projeto inicial do navio enquanto Spitsbergen, imaginado pouco depois da sua aquisição


O Spitsbergen foi construído em 2009 como Atlântida nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, e viu a construção arrastar-se, após várias alterações de projeto, acabando por nunca entrar ao serviço da Atlanticoline, que o tinha projetado para operação ferry inter-ilhas na Região Autónoma dos Açores. Após vários anos em lay-up, e após falência dos estaleiros ENVC, o navio foi colocado em leilão, tendo acabado por ser arrematado pelo empresário português Mário Ferreira, que o pretendia colocar em operação na Amazónia. Entretanto, o navio suscitou o interesse da afamada Hurtigruten, que o viria a adquirir pouco depois e renovar extensivamente, transformando um navio pouco antes rejeitado e inacabado, num autêntico navio de cruzeiros de luxo ao mais alto nível, sendo que a própria considera o Spitsbergen como um dos melhores navios da sua frota.

Spitsbergen em cruzeiro pelo Ártico. Imagem Hege Abrahamsen/Press Hurtigruten Group

Atualmente arrasta 7 344 toneladas de arqueação bruta, números que já incluem toda a renovação profunda a que foi submetido pela Hurtigruten em 2016, tendo ainda sido feitos alguns ajustes decorativos e de manutenção em 2020. Mede 101 metros de comprimento por 18 de largura e possui capacidade para 220 passageiros. Entre os destaques das alterações que a Hurtigruten lhe fez, está a renovação das suas áreas públicas interiores, a reformulação de cabines, a remoção da rampa ferry à popa e replaneamento da área envolvente, a adição de uma cauda de pato para adicionar estabilidade em navegação, e para deleite dos passageiros, a adição de uma área de observação à proa, que reforçou também a estrutura daquele importante ponto do navio, ao mesmo tempo que disponibilizou uma área para observação em praticamente 360 graus. A Hurtigruten fez realidade assim, a sua fabulosa visão de transformação praticamente total de um navio que até então ainda não tinha feito cumprir o propósito ao qual tinha sido construído - navegar comercialmente.

Imagem Press Hurtigruten Group

Em reajuste de oferta consoante a demanda que vem sendo crescente em tempos já pós-pandémicos, a Hurtigruten reformulou o posicionamento da sua frota, retirando o Spitsbergen das suas tradicionais rotas costeiras na Noruega para uma sub-divisão Hurtigruten Expeditions, que engloba os navios de cruzeiro que realizam expedições de luxo internacionais, separando-os no papel dos navios no serviço costeiro expresso, que podem também realizar cruzeiros se assim o grupo entender. No caso do Spitsbergen, o navio ficará agora posicionado nas ilhas da Macaronésia, com foco especial em Cabo Verde com partidas de Dakar, Senegal. A sua estreia na Madeira ocorre no âmbito de um segmento de um cruzeiro reposicional, de Lisboa para o Dakar - sendo Lisboa também ponto intermédio de outro segmento reposicional, que já partiu do Norte da Europa. No entanto, o Spitsbergen estará de regresso à nossa Região no início de 2024, com escalas regulares entre Janeiro e Março, em circuito de cruzeiros de 10 dias pelas Canárias e Madeira  (incluindo o Porto Santo). Construída sob 130 anos de pioneirismo e herança marítima norueguesa, a Hurtigruten é considerada a maior companhia de cruzeiros de expedição do mundo, tendo já visitado a região por diversas vezes com navios como o Nordnorge, o Fram ou mais recentemente, o Midnatsol (atual Maud).

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